Satelite 5 - n. 32
Voltamos ao nosso passeio pela décima temporada com o Doutor e Jo virando elenco de um circo de pulgas alienígena
“Com o Doutor livre novamente para viajar pelo tempo e espaço, a TARDIS pousa no cargueiro SS Bernice. Jo acha que eles estão em 1926, mas o Doutor percebe que, de acordo com os livros de História, o navio desapareceu no Oceano Índico sem deixar traços. O mistério aumenta quando um dinossauro ataca o Bernice — e, logo depois, passageiros e tripulação voltam a agir como se nada tivesse acontecido. O Doutor descobre que o navio está dentro de um Miniscope, tecnologia proibida que pertence a um animador itinerante chamado Vorg. Mas o Miniscope também abriga os monstruosos Drashigs, que ameaçam a vida de todos ali aprisionados”.
Se tem um arco que foi feito com o orçamento de um pastel e uma guaraná caçulinha em mente, esse arco é Carnival of Monsters. O roteirista Robert Holmes foi comissionado, ainda na nona temporada, para escrever um episódio que pudesse ser feito totalmente em estúdio, de preferência em dois cenários com personagens completamente diferentes (e, de preferência, na menor quantidade possível) — assim, a BBC conseguiria agendar as gravações dos atores só para os seus cenários, diminuindo a quantidade de horas trabalhadas e, por consequência, de cachês pagos.
Mas a verdade é que, a essa altura, ninguém tinha muita certeza se a série voltaria para uma décima temporada. Com a BBC dando o sinal verde no início de 1972, os produtores começaram a trabalhar nos roteiros. E, por ser uma temporada festiva, as histórias precisavam ser as melhores possíveis.
Fato: tanto eles não tinham ideia se a série seria renovada (mesmo com o marco de 10 anos do programa), que nem Katy Manning nem Jon Pertwee tinham contrato. O Doutor renovou para uma temporada completa, mas o contrato de Katy era para apenas 22 episódios — guarde bem essa informação, ela será importante para futuras edições.
Temporada liberada, Barry Letts e Terrance Dicks começaram os trabalhos não pelo arco de aniversário (como vimos em edições passadas, Hartnell estava doente demais e Troughton só estaria livre no segundo semestre), mas sim por Carnival of Monsters. O roteiro de Robert Holmes foi, então, adaptado para permitir quatro dias de filmagens em locações externas, já que Letts havia conseguido um leve aumento no orçamento (de, agora, um pastel e um caldo de cana pequeno).
Algumas curiosidades:
Drashig é um anagrama para dish rag, pano de prato, porque para marcar a posição onde o monstro ficaria era usado um pedaço de madeira com um pano de prato na ponta, ajudando os atores a se posicionarem em cena;
os Ogrons e Cybermen vistos no Miniscope no segundo episódio não são imagens de arquivo, mas sim cenas filmadas especialmente para o arco;
no primeiro episódio, quem faz o som de galinhas é a própria Katy Manning, uma exímia imitadora desses bichos desde a infância.
Na próxima edição, veremos Mestre e Daleks de volta e unidos para os próximos dois arcos da temporada. Até lá!